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terça-feira, outubro 03, 2006

As Quatro Nobres Verdades

"O Buda disse:
Descobri uma verdade profunda, tão difícil de apreender, tão difícil de compreender, serena e sublime, que não se pode alcançar pelo mero raciocínio e que só é visível ao sábio.
Mas o mundo entrega-se ao prazer, delicia-se no prazer, encanta-se no prazer. Na verdade, esses seres dificilmente compreenderão a lei do condicionamento, a origem interdependente de todas as coisas. No entanto, há seres cujos olhos estão apenas cobertos por um pouco de poeira: esses compreenderão a verdade.
Qual é a Nobre Verdade do Sofrimento?
O nascimento é sofrimento, a velhice é sofrimento, a morte é sofrimento, a dor, a lamentação, o padecimento, a angústia e o desespero são sofrimento. Não obter o que se deseja é sofrimento, em resumo, os cinco agregados da existência são sofrimento.
Qual é a Nobre Verdade da Origem do Sofrimento?
O desejo que provoca um novo renascimento e que é escravo do prazer e da luxúria, aqui, e ali encontra novos deleites. Mas de onde emerge este desejo e onde se enraíza ele? Onde quer que haja no mundo coisas deliciosas e agradáveis, o desejo nasce e enraíza-se. Olho, ouvido, nariz, língua, corpo e espírito são deliciosos e agradáveis: neles o desejo nasce e enraíza-se.
Os objectos visuais, os sons, os odores, os sabores, as sensações físicas e os objectos do espírito são deliciosos e agradáveis: neles o desejo nasce e enraíza-se.
A consciência, as sensações, os sentimentos nascidos das sensações, a percepção, a vontade, o desejo, o pensamento e o raciocínio são deliciosos e agradáveis: neles o desejo nasce e enraíza-se.
Qual é a Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento?
E o desaparecimento completo e a cessação do desejo, a renúncia a ele e o seu abandono, a libertação e o desapego. A cessação da cobiça, a cessação do ódio, a cessação da ilusão: a isto, na verdade, chama-se nirvana.
E para o discípulo, assim liberto, no coração do qual reina a paz, nada mais há a acrescentar ao que foi feito e nada mais resta a fazer. Tal como um rochedo permanece imóvel ao vento, também nem as formas, nem os sons, nem os odores, nem os sabores de qualquer tipo, nem o desejável ou o indesejável podem demover o discípulo. Aquele que tem estabilidade de espírito ganha a libertação. E aquele que conhece todos os contrastes nesta terra deixa de ser perturbado pelo que quer que seja neste mundo. Aquele que está em paz, livre do ódio, do sofrimento e dos anseios, passou para além do nascimento e da velhice.
A isto não chamo erguer-se, nem passar além, nem permanecer, nem nascer, nem morrer.
Não tem suporte, nem desenvolvimento, nem base. E o fim do sofrimento. A partir deste momento, o propósito da Vida Santa não consiste em receber esmolas, honras ou fama, nem em ganhar ética, concentração ou o olho do conhecimento. Esta libertação inabalável do coração é o objectivo da Vida Santa, a sua essência e finalidade.
Qual é a Nobre Verdade do caminho que conduz à extinção do sofrimento?
Entregar-se aos prazeres dos sentidos que são a base, comum, vulgar, profana e inútil ou entregar-se À auto-mortificação, à dor, profana e inútil? O Buda Perfeito evitou ambos os extremos e encontrou o Caminho do Meio, que nos leva a ver e a saber, que conduz à paz, ao discernimento, ao nirvana.

Este é o Nobre Caminho Óctuplo, o caminho que leva à extinção do sofrimento:

1. Compreensão perfeita
2. Pensamento perfeito
3. Palavra perfeita
4. Acção perfeita
5. Meios de existência perfeitos
6. Esforço perfeito
7. Atenção perfeita
8. Concentração perfeita

Este é o Caminho do Meio que o Buda Perfeito encontrou, que nos leva a ver e a saber, que conduz à paz, ao discernimento e à iluminação."


(excerto de Samyutta Nikaya)




Buddha with a view by Seán Duggan

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