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quarta-feira, março 31, 2004

Ajuste de contas

Não exijo da vida
Menos do que exijo de mim
Por isso sou tudo ou nada
Desabrida e exagerada.
Sou o que a vida me tornou.
Por isso falo demais,
Escrevo demais.
Há um ajustar de contas feito aqui
Eu e o branco da folha
Em que me olho nos olhos
E procuro reaver o que é meu.


by: Ana

(Gosto particularmente deste poema; um beijinho para a autora)




No 115 by Kadri Rohi

terça-feira, março 30, 2004

"Dawn @ Kuatan "

Ao vislumbrar a imensa beleza desta imagem, apercebi-me que a felicidade pode ser uma realidade cada vez mais presente na alma de cada um de nós; basta simplesmente querermos!


by: Teresa




Untitled By Steve Chong

sexta-feira, março 26, 2004

Crónicas do Nada - Um Minuto

Arranco o carro no desespero do atraso. Olho o relógio, olho a estrada. Contorno os carros com precisão e mestria, ziguezagueando entre eles à medida que progrido. O objectivo é claro. Chegar a ti. Estou atrasado hoje, aquele último cliente demorou em demasia e eu não consegui antes desmarcar-lhe a consulta, escusado será dizer que mal o ouvi. Agora luto desesperadamente contra o relógio e contra o trânsito para ainda te conseguir ver hoje... nem sei o porquê desta minha obsessão. Talvez sinta que ainda esmorece mais o nosso amor quando não nos vemos... talvez te sinta escapulir ainda mais por entre os dedos... só sei que há esta imensa necessidade de te ver...

"- Amar não é ter medo de se perder uma pessoa... -" dizias tu... dizias que o verdadeiro amor não podia nunca ser medido pela falta que as pessoas fazem umas às outras mas sim pelo bocadinho de felicidade que se dá à pessoa que se ama, pela devoção com que nos escutamos, nos completamos, nos tornamos cúmplices. Fácil para ti falar... não estás apaixonada por ti como eu estou. Não sofres como eu a incerteza de um amor em fase terminal. Como um doente sem cura agarrado a uma última réstia de esperança, demasiado desorientado pela dose de morfina que disfarça a dor... o teu sorriso...

"- Merda... mais um sinal vermelho! -" O mundo inteiro conspira no meu atraso, contra mim... carros acidentam-se barrando o trânsito, velhinhas atravessam vagarosamente nas passadeiras, o condutor do carro que vai à minha frente conversa vagarosa e distraidamente ao telemóvel, até a polícia saiu toda à rua hoje para controlar a minha velocidade. Tudo me parece puxar para longe de ti, como mãos invisíveis que me puxam pela roupa, pelos braços, pelo cabelo, que me prendem, me seguram. Será isto o destino?

Chego finalmente ao lugar combinado. Tu saíste um minuto mais cedo e eu cheguei um minuto mais tarde. Um minuto, tudo quanto basta para mudar uma vida, para decidir um destino, para dar um beijo ou trocar um olhar. O tempo consegue mesmo ser uma coisa relativa, apologia da teoria de Einstein ao rubro. Mas contrariando-o, porque por muito mais depressa que eu consiga ir, há coisas no tempo que, como o próprio tempo, não é possível retroceder. Mas também, se pudesse voltar atrás... será que mudava alguma coisa mesmo? Será que tudo não terá o seu lugar? A sua lógica...?

Fico parado com estas divagações na mente. Como o semáforo imóvel plantado na estrada. Maldito minuto, maldito relógio, maldito tempo... Tudo o que eu queria era apanhar o teu sorriso nem que fosse de relance, nem que fosse num segundo... maldito tempo... maldito segundo... maldito sorriso...

É com isto que estou quando me apercebo das horas... já estou atrasado para outra coisa qualquer.
Arranco o carro no desespero do atraso. Olho o relógio, olho a estrada. Contorno os carros com precisão e mestria, ziguezagueando entre eles à medida que progrido. O objectivo é claro. Afastar-me de ti...


by: João Natal

(Mais um magnífico texto deste excelente autor que eu tanto admiro...)




night 2 by Yap Kung Leng

quarta-feira, março 24, 2004

Um pequeno pensamento

"Como um fruto, os nossos horizontes amadurecem cada dia que passa; tudo nos parece estranho até nos apercebermos da familiaridade de todas as coisas".


by: Adriana Leite

segunda-feira, março 22, 2004

Tu instrumento

Vou tirar de ti
Os sons que nunca emitiste,
Os sons que ninguém ouviu.
Vou despertar o teu corpo
Provocá-lo
Fazê-lo vibrar em crescendo
Enquanto me enrolo em ti,
Te lambo, te beijo
Te mordo, te penetro a alma
E violo o corpo.
Vou arrancar de ti
Todos os gemidos
Todos os suspiros
Todos os ais.
E, naquele teu grito final,
Quase inumano quase impossível,
Que calarei na minha boca,
Conquistarei o silêncio.


by: Ana

(Mais um poema da encandescente que tenho a honra de publicar... um grande beijinho para ti)




в глаза заглянуть by Владимир Калинин

domingo, março 21, 2004

Recordação de Ti

Descansa, pai, dorme pequenino, que levo o teu nome e as tuas certezas e os teus sonhos no espaço dos meus. Descansa, não vou deixar que te aconteça mal. Não se aflija, pai. Sou forte nesta terra nos meus pés. Sou capaz e vou trabalhar e vou trazer de novo aqui o mundo que foi nosso. Vou mesmo, pai. O mundo solar. Reconhecê-lo-ei, porque não o esqueci. E também o tempo será de novo, e também a vida. Sem ti e sempre contigo. A tua voz a dizer orienta-te, rapaz. Não se apoquente, pai. Eu oriento-me. Pai, não se preocupe comigo. Eu oriento-me. E vou. Anoitece a estrada no que sobra da manhã. Chove sol luz onde está o que os meus olhos vêem. A carrinha grande que prometes-te, que planeas-te para nós, que ganhas-te a trabalhar meses, leva-me. Onde estás, pai, que me deixaste só a gritar onde estás? Na angústia, preciso de te ouvir, preciso que me estendas a mão. E nunca mais nunca mais. Pai. Dorme, pequenino, que foste tanto. E espeta-se-me no peito nunca mais te poder ouvir ver tocar. Pai, onde estiveres, dorme agora. Menino. Eras um pouco muito de mim. Descansa, pai. Ficou o teu sorriso no que não esqueço, ficaste todo em mim. Pai. Nunca esquecerei.


(José Luís Peixoto- Morreste-me)


[E porque hoje é dia 21, e porque a saudade é um sentimento cada vez mais presente, e porque o meu amor por ti não tem fim, publico este excerto que me toca a alma]




Двое by SW-K

sábado, março 20, 2004

O Poder

O poder não me seduz, corrompe o homem,
Prende-o à sua ignorância, destrói a sua liberdade.
O poder envaidece, destrói todos os nossos princípios,
Faz-nos sofrer porque ficamos imensamente cegos.
Sem ele somos uma anarquia? O que somos de verdade?


(In Post-it... Uma curta, mas significativa reflexão)

quinta-feira, março 18, 2004

Um grito corruptível

dobrar o tronco da palavra para
que uma fragrância orgástica domine
o sopro de uma rosa é soletrar
cada página de todas as árvores

uma semente grávida encerra
o aroma de mil flores descobertas
um verbo pronunciado no triunfo
de um grito corruptível em mil luzes.



by: José Félix (in "Geografia da Árvore")

quarta-feira, março 17, 2004

Caminhos




by: Camilo Pessanha

segunda-feira, março 15, 2004

Um pequeno pensamento

"A solidão é o gérmen responsável pelo envelhecimento da alma".


by: Adriana Leite

quinta-feira, março 11, 2004

Alguém?

Acordou com o barulho da chuva, caía ruidosamente, impiedosamente. Levantou-se foi à janela, aconchegou-se no robe, encostou-se. Olhou a cidade, tanta gente na cidade, tanta solidão na cidade. Percorria tantas vezes aquelas ruas sozinha, cruzando-se com gente sozinha. Bebia um café, em cafés cheios de gente sozinha. Passeava em jardins procurando um lugar para se sentar e olhava os bancos ocupados por pessoas sozinhas, uma pessoa só que ocupava o banco todo e o espaço vazio no banco era solidão onde ninguém se sentava, porque não se ocupa a solidão dos outros. Olhou o quarto, aquele espaço não partilhado, enorme porque vazio. Encostou a cabeça ao vidro da janela. Fixou a cidade "Há aí alguém para mim?".


by: Ana




behind appearance by Fabio Keiner

quarta-feira, março 10, 2004

O Amor...

O dia mais belo?
Hoje.
A coisa mais fácil?
Errar.
O maior obstáculo?
O medo.
O maior erro?
O abandono.
A raiz de todos os males?
O egoísmo.
A distracção mais bela?
O trabalho.
A pior derrota?
O desânimo.
Os melhores professores?
As crianças.
A primeira necessidade?
Comunicar-se.
O que mais lhe faz feliz?
Ser útil aos outros.
O maior mistério?
A morte.
O pior defeito?
O mau humor.
A pessoa mais perigosa?
A mentirosa.
O pior sentimento?
O rancor.
O presente mais belo?
O perdão.
O mais imprescindível?
O lar.
A rota mais rápida?
O caminho certo.
A sensação mais agradável?
A paz interior.
A protecção efectiva?
O sorriso.
O melhor remédio?
O optimismo.
A força mais potente do mundo?
A .
A mais bela de todas as coisas?
O Amor.


(Retirei estas pequenas interrogações de um e_mail que recebi hoje, o qual me chamou a atenção pela "grandiosidade" do seu conteúdo. Obrigado Nuno por comigo teres partilhado esta magnífica mensagem).

terça-feira, março 09, 2004

Behind Blue Eyes

No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes
And no one knows
What it's like to be hated
To be faded to telling only lies
But my dreams they aren't as empty
As my conscious seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free
No one knows what its like
To feel these feelings
Like i do, and i blame you!
No one bites back as hard
On their anger
None of my pain woe
Can show through
Discover L-I-M-P say it
No one knows what it's like
To be mistreated
To be defeated
Behind blue eyes (blue eyes...blue eyes)
And no one know how to say
That they're sorry and don't worry
I'm not telling lies (lies...lies)

All the clouds
Oh they're gray
I'll stay if you go away
Concrete, tall as the sky
Movement, passing me by
And the blush
What a rush
Reminice
Cold crush
Next door, ear to the wall
All the tension, wait for the call
I wish, I wish
I wish, it was
All that easy


Escrito por Pete Townsend

Ouvir




кризис by Ilya LiS

segunda-feira, março 08, 2004

Dia Internacional da Mulher

Eis uma breve explicação histórica do significado do 8 de Março:

Há 145 anos, no dia 8 de Março de 1857, teve lugar aquela que terá sido, em todo o mundo, uma das primeiras acções organizadas por trabalhadores do sexo feminino. Centenas de mulheres das fábricas de vestuário e têxteis de Nova Iorque iniciaram uma marcha de protesto contra os baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. Durante a greve deu-se um incêndio que causou a morte a cerca de 130 manifestantes. Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union League. Esta associação tinha como principal objectivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho. Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto.

Caminhavam com o slogan "Pão e Rosas", em que o pão simbolizava a estabilidade económica e as rosas uma melhor qualidade de vida. Mais tarde, o Partido Socialista norte-americano decretou o último Domingo de Fevereiro o Dia Internacional da Mulher. Foi comemorado pela primeira vez em 1909 e pela última vez no ano de 1913, pois durante uma conferência mundial das organizações socialistas, decorrida em Copenhaga (Dinamarca), a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher. O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher.



sexta-feira, março 05, 2004

Reflexões

Neste momento encontro-me algures num tempo sem perspectiva e num espaço sufocante. À minha volta pessoas passam, falam e por mais centrada que esteja em mim mesma não deixo de escutar os murmúrios que rodopiam em meu redor e atordoam. Apetecia-me gritar -"Silêncio!"-, mas não, não o faço, isso seria dar oportunidade a maldizeres alheios. Centro-me ainda mais em mim mesma e interrogo-me sobre tudo: sobre ti, sobre mim, sobre os outros, sobre a particularidade de todas as coisas. Tento esquecer aquilo que insiste permanecer na minha memória consciente; tento dar um significado lógico e racional ao que me perturba; tento, desesperadamente, encontrar a razão da tua atitude.

Não sei, sabes, em mim perdura uma estranha confusão e um medo atroz. Quero aceitar e compreender, mas o coração dita regras que, impiedosamente, se impõem à mente. Tem piada, e eu que pensava ser o contrário! As imensas possibilidades assombram-me como fantasmas perdidos e atordoados. Não sei onde me encontro, se num sonho, se num pesadelo, ou numa realidade que mais não é do que uma indefinição permanente.

Entretanto, paro de pensar simplesmente. Limito-me a sentir o toque suave e gentil da tua mão a percorrer o meu rosto e a certeza parece regressar... Mas por quanto tempo?


by: Adriana Leite




обида by lehasapiens

quinta-feira, março 04, 2004

Um pensamento

"As palavras são como folhas. Quando abundam, existe pouco fruto entre elas."


by: Alexander Poper

terça-feira, março 02, 2004

Abandono

A luz do anúncio de néon que entrava pela janela semi fechada, iluminava a cama exactamente no sítio onde ele tinha estado, fazendo com que sentisse uma solidão maior ainda, fechando-a mais no escuro de estar sozinha. A mão percorreu a luz como tinha percorrido o corpo dele, os lençóis ainda molhados de suor e de prazer, as marcas dos corpos no lençol amarrotado tornavam ainda presentes todos os gestos, despertavam novamente todas as emoções, traziam de volta os gemidos de amor, aqueles sons que só se ouvem quando um corpo fala. Fechou os olhos com força, tinha ainda dentro dela o orgasmo dele, sentia ainda o dela, as coxas estavam ainda quentes, molhadas. Tinha ainda no peito a marca da boca dele, a boca retinha ainda o sabor que ele aí tinha deixado, ouvia ainda aquela respiração primeiro profunda e calma, depois rápida e convulsa. A presença era ainda tão real... Ainda... Estendeu a mão, sentiu a outra que ali tinha estado e que lentamente com um deslizar de dedos, tinha saído e deixado a dela assim vazia. Cheirou uma última vez, tocou uma última vez e desenhou no lençol o adeus...


by: Ana

(Obrigado Ana por me teres dado o privilégio de editar um escrito teu... espero poder editar muitos mais. Um grande beijinho...)




Endormie 2 by Pascal Renoux

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