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quinta-feira, julho 08, 2004

Um Único Corpo

O calor soltou
A floresta nua
Já não há floresta
Nem passeios à tona d'água
Nem sombra leve sobre os rins
O céu tornou-se-nos um fardo

O nosso corpo é uma presa
Vestida de maduras lágrimas
Os dedos são pregos sangrentos
Os seios giram sobre si próprios
A boca só tem irmãs

Deixou de haver janelas para abrir
Já não há paisagem
Nem ar puro nem impuro
Os nossos olhos voltam à sua nascente
Sob a carne nua da sua beleza natal


(Paul Éluard - Últimos Poemas de Amor)




. by Natalie Shau

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