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terça-feira, novembro 23, 2004

Paradoxo Absurdo

"Vira o disco e toca o mesmo", disse-te um dia, recordas-te? Pois é, riscaste-o de ambos os lados (o A e o B). Ouve-se a música aos soluços. O som estridente é ensurdecedor, assim como o é o teu riso histérico de quem nunca nada perdeu, porque, na verdade, nada ganhou. Vives numa realidade diferente, hermética. Saltas de galho em galho, e eu vejo-os quebrarem-se sem te amparar.
No chão, desamparada, fazes juras e promessas de que tudo irá ser diferente, mas no momento seguinte tudo esqueces e segues em frente desenfreada, como louca. Cobres os hematomas com pensamentos dissimulados, ignorantes; finges que ali não estão, ou melhor, que nunca aconteceu. Recalcas o que de melhor e pior em ti há; escarneces da tua própria essência; olhas-te no espelho e dizes amar-te, quando na verdade te odeias...
E assim é e sempre será. Sem remédio, vives morta e morres por viver. Eu fecho os olhos para não mais te ver nesse paradoxo absurdo.


by: Adriana Leite

(À minha ilusão)



Teresa #5 by Tiago Estima

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