<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, março 31, 2005

O Absurdo da Dor

Estou deitada no chão. Passas por cima, pisas, e pensando tratar-se de simples pedras de rua, não fazes ideia do quanto feres. Continuas o teu percurso sem olhar para trás e eu ali fico estendida, amarfanhada por uma imensa dor que faz as pedras estremecerem. O meu grito de agonia abre fendas que te perseguem de forma obsessiva, mas tu não escutas, não sentes, não vês. O cinzento do céu confunde-se com a cor da minha alma mergulhada numa infinita e atroz tristeza. Não sinto o corpo, terei morrido e ficado assim imersa em pensamentos profundos, presa num presente em que te vejo partir vezes sem conta? Será este o meu castigo, estes punhais cravados no meu coração? Terei eu vivido todos estes anos tendo por fiel amigo o sofrimento que me acompanhou na vida, assim como me acompanha na morte? Ou estarei eu, simplesmente, a ter um pesadelo terrível e acordarei a qualquer momento?
Continuo deitada neste chão frio e desprotegido na esperança de nascer de novo, de chorar pela primeira vez e ser contemplada por uma vida verdadeiramente feliz.
Caminho agora a teu lado; a luz do sol ilumina os nossos corpos que, apesar de distintos, fundem-se num só numa inimaginável alegria. Se isto é um sonho, desejo não mais acordar...


by: Adriana Leite




The Bitter Placidity by Sue Anna Joe

Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?