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terça-feira, abril 19, 2005

O Sabor da Verdade

Habituei-me a este sabor nefasto de falsidade quando antes a verdade fazia as iguarias das minhas papilas gustativas. Eram tempos áureos, em que a magnitude da simplicidade conquistava a tua rebelde e complexa ideologia... vi-a morrer vezes sem conta numa tentativa desesperada de a ressuscitar. Fechaste os teus sentidos para as minhas palavras fortes e sentidas que mais não eram para ti do que "vocabulário pobre".
Não te apercebes de que a pobreza não está nas palavras de quem as profere, mas nos ouvidos de quem oligofreneticamente as ignora?
Quando a noite se veste de escuro num dia claro e luminoso, vejo-me, assim, rodeada de luz longe das trevas do teu ser... sinto como se nunca te tivesse conhecido conhecendo-te melhor do que ninguém; pressinto o perigo a afastar-se cobardemente e recordo-o outrora audaz mortificando a minha alma ingénua com falsas lições e aparentes vitórias que furtavas impiedosamente às imensas manifestações de frustração que brotavam de ti, de tudo aquilo que julgavas ser, mas que, na realidade, nunca foste e, provavelmente, nunca serás.

É tarde, muito tarde... faço recuar as minhas memórias uma última vez num sentimento de bem-querer. Espalho magia e gratidão num solo que espero ver-te pisar um dia.
É tarde, muito tarde... para mim, para ti, para um "nós" que nunca existiu!
Tarde, muito tarde...


Adriane Leite




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