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terça-feira, maio 03, 2005

Epilepsia (1)

Hoje em dia existem pessoas de todas as posições sociais que sofrem de epilepsia e, por conseguinte, é algo surpreendente que ainda surjam mal entendidos. Na verdade, o receio da possível estigmatização ou preconceito faz com que muitas pessoas ocultem a sua epilepsia dos amigos, da entidade patronal e por vezes até mesmo da sua própria família.
A epilepsia alcançou indubitavelmente uma imagem não invejável nas mentes das pessoas, talvez isso se deva em grande parte aos seus efeitos imprevisíveis, dramáticos e por vezes assustadores. Embora haja muitos tipos diferentes de ataques, é a convulsão - cair no chão, espumar da boca, tremores nos membros - que vem primeiro à mente das pessoas quando se menciona a palavra epilepsia. É o acontecimento dramático que sempre alimentou a imaginação das pessoas; os ataques epilépticos são mencionados nos primeiros documentos babilónicos e hebraicos. Na Grécia Antiga, numa época em que as pessoas viviam obcecadas por deuses e espíritos, Hipócrates foi um dos primeiros a tentar dissipar o misticismo dos ataques epilépticos. Ele acreditava convictamente que a epilepsia tinha origem no cérebro e chegou mesmo a condenar todos os charlatães que sugeriam que a epilepsia se devia à possessão demoníaca.
Contudo, nos 2000 anos seguintes, foi esta teoria de possessão demoníaca que fez com que as pessoas epilépticas fossem afastadas, encarceradas e sujeitas a experiências desagradáveis, dolorosas e humilhantes em nome da cura. No relato da morte do rei inglês Carlos II, existe uma descrição do tratamento dos seus ataques; este incluía sangrá-lo, dar-lhe substâncias que o enjoavam, clisteres repetidos, rapar-lhe a cabeça, empolar-lhe a pele e depois, finalmente, obrigar o rei moribundo a engolir uma mistura desagradável.
Ainda mais recente, no século XIX, propunha-se a circuncisão e a castração como curas para a epilepsia. Somente no final do século XIX foi introduzido o primeiro medicamente eficaz, o brometo de potássio, e pela primeira vez o tratamento com o medicamento permitiu que a maioria das pessoas com epilepsia levasse uma vida normal e sem ataques.
No entanto, ainda existe, até certo ponto, um estigma ligado àquilo que é uma doença comum (quase todos nós conhecemos alguém com epilepsia, muito embora não tenhamos consciência se essa pessoa sofre realmente da doença).

Até que ponto a epilepsia é uma doença comum?
A epilepsia é uma doença extremamente comum. Existem entre 40 a 70 mil epilépticos em Portugal e todos os dias são diagnosticados novos casos. Além disso, uma em cada 30 pessoas pode vir a desenvolver epilepsia. No entanto, a maior parte das pessoas com epilepsia melhora e, na verdade, é isso que acontece; em cerca de seis em cada 10 pessoas a doença desaparece por si. A epilepsia afecta homens e mulheres quase igualmente, embora determinados tipos de epilepsia sejam mais comuns em um ou outro sexo. Afecta todas as classes sociais e todas as raças.
Por conseguinte, a epilepsia é extremamente comum e normalmente tem tendência a melhorar - esta é uma mensagem importante para todos os que desenvolvem a doença.

(in "Epilepsia" de Dr. Matthew Walker e Prof. Simon D. Shorvon)

Devo dizer que eu própria era uma pessoa completamente desconhecedora desta doença até ter participado em alguns encontros da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. Um dos graves problemas da nossa sociedade relativamente ao tema em destaque é, sem sombra de dúvida, a falta de informação. Deixo-vos o endereço de um blog de alguém que sofre de epilepsia. Louvo a coragem e a determinação do pnvoliveira


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